Viajando com Arte

Cananéia e a Ilha do Cardoso – o segredo mais bem guardado de São Paulo

Eu já tinha a experiência de viajar de motorhome antes.

Minha filha atualmente mora em um na França e em 2019 fizemos uma viagem pela Normandia e Bretanha, parando em muitos lugares no meio da natureza, florestas, beira de rios, foi uma aventura maravilhosa, amei tudo, fazer fogueira, tomar banho de rio, um convívio muito próximo a natureza, parávamos em feirinhas nas pequenas cidades do interior e depois era uma festa gastronômica.

Neste espirito, adquiri uma van home aqui no Brasil, em Florianópolis, ela é usada, mas a montagem por dentro é novinha tem um ano.

E saímos para nossa primeira experiência nessa modalidade no Brasil, onde o negócio de vans e motorhomes cresceu 540% só em 2020.

Minha maior preocupação era em relação a segurança, pois muito tranquilo parar selvagem na França, mas no Brasil eu não sabia como poderia me sentir.

Este foi o nosso roteiro.

Saímos de manhã de Garopaba, Paulinho, eu e mais um casal de amigos aventureiros, a Luisa e o Alex.
Eu já tinha estudado alguns lugares legais para conhecer pelo caminho, parques, cachoeiras, a serra catarinense tem muitas belezas, existe um app bem legal que pode ser muito útil para quem quer se aventurar por aí de van, motorhome ou simplesmente acampar, chama MaCamp, ele tem um mapa com campings e pontos de apoio por todo o Brasil, também da várias dicas de campismo e caravanismo, nos ajudou bastante ao longo da viagem.

Luisa checando a adega para nossa jornada..

já aviso que viajar de van tem outro ritmo, não é a mesma coisa que quando se está de carro, agente anda mais devagar, demora mais, mas a ideia é esta mesmo aproveitar a jornada. Quando já estávamos nas montanhas verdes de Santa Catarina, fizemos uma parada, passei um café na hora, com alguns brownies que levamos, sob o sol e uma vista incrível – slow travel.

Já na serra catarinense, paramos para comprar pinhões, bergamotas

E porque não? Passar um cafezinho : )

Pelo caminho paramos para conhecer muitas cachoeiras

Curtir a natureza

Cerejeiras em flor

Chegamos ao Camping das Cachoeiras já noite, isto realmente não é legal, sempre é melhor chegar ainda de dia e escolher com calma o lugar melhor para estacionar a van, de preferência com uma vista bonita para acordar zen : )

Acordando no Camping das Cachoeiras, no municipio de André Boiteaux

Estava muuuito frio, e o sinal de internet era mega instável, ficamos felizes quando no meio do nada achamos a entrada, o dono era muito gente fina, já nos apresentou opções, o lugar do fogo já estava pronto, bastante lenha, e ali montamos nossa mesa, com luzinhas, vinho, aperitivos.
O céu estava absurdamente estrelado, e eu me sentia pequena diante daquela imensidão silenciosa da natureza.

cachoeira do Rio Wiegand

Acordamos com o som das cachoeiras próximas, e nossa viagem seguiu por lugares lindos, estradas de terra, cachoeiras, compramos muitas coisas dos produtores locais, salames, queijos, bergamotas, cocadas, enfim nos banqueteamos com o que havia de melhor da região.
Próxima parada é em uma fazenda que oferece instalações de camping, onde pudemos ligar a van na tomada, o lugar é lindíssimo, muito próximo ao Salto do Zinco uma cachoeira no meio da mata com mais de 80m de altura.

Salto do Zinco

A fazenda tem infra estrutura para fazermos fogo, tomar banho quente e ligar a van na energia, o céu esta noite estava especial.

Pegamos a estrada de novo e percorremos estes caminhos do Vale Europeu, muito lindo

pessegueiros em flor

Chegamos ao entardecer perto de Curitiba, mas não é muito legal para de van perto de cidades grandes, então desta vez paramos em um hotel muito bom perto do aeroporto.

Perto de Curitiba

Saímos cedo no outro dia em direção ao litoral sul de SP, eu já sonhava em conhecer a região de Cananéia há tempos, tinha visto vários vídeos sobre a imensidão verde de seus enormes parques nacionais e do quanto esta área é preservada, mas nada me preparou para o que encontrei, não imaginava que encontraria um dos melhores roteiros ecológicos do mundo.


Chegando em Cananéia


É uma mini Paraty, casinhas coloniais e muitos bares e restaurantes na orla.

Como estávamos na van, pegamos o ferry até Ilha Comprida e paramos no Fubi Camping, um oásis rústico á beira mar, ali tinhamos tudo o que precisávamos, água, energia, banho quente e 2 ou 3 bares ótimos na beira da praia.


Cruzando a balsa de Cananéia até Ilha Comprida


Ficamos na beira do mar

Este foi o visual ao acordar

Você pode fazer base na cidadezinha histórica de Cananéia, por aqui contam que é a cidade mais antiga do estado os portugueses chegaram aqui em 1531.

Mas a história acaba aqui, nesta imensa reserva de montanhas verdes, águas límpidas, mangues, com uma diversidade de fauna incrível, o interessante é explorar as trilhas, cachoeiras, descendo de barco pelo mar pequeno ( de dentro ) ao longo da Ilha do Cardoso, lá avistamos um dos pássaros mais lindos que já vi, o guará ou isis escarlate, muitos biguás, garças, tucanos.

O barco vai deslizando suavemente por uma paisagem que me lembrou muito a Amazônia, passando por reservas indígenas, pequenas vilinhas ribeirinhas, até a saída para o mar, no final da ilha do Cardoso, estávamos há meia hora de barco da Ilha do Mel, já no Paraná.

Fizemos um passeio de dia inteiro de barco deste o cais da Ilha Comprida até Marujá, a gente navega pelo mar de dentro, que estava um espelho, vê dezenas de botos cinzas, assiste ao espetáculo da revoada de gaivotas e biguás, sem falar no antes mencionada biguá vermelho, fiquei hipnotizada com a beleza deste pássaro. Navegamos ao lado das montanhas verdes da Iha do Cardoso, que é o paraíso para quem ama lugares low profile, são quilômetros de praias desertas, cachoeiras e trilhas pela Mata Atlântica preservada – cerca de 90% da ilha está em área de proteção.

Armadilhas para peixes dos indios, só na Ilha do Cardoso existem 3 reservas indigenas.

Em Marujá comemos divinamente bem, ostras gratinadas de entrada, moqueca de robalo, caipirinha de maracujá de cachaças locais e o palmito local que mais parece de manteiga e baratíssimo.

Cruzando do mar de dentro até o mar de fora na Ilha do Cardoso


Ostras gratinadas no Marujá.

Na volta fizemos uma trilha pela mata até a cachoeira grande.

Dormimos 3 noites na Ilha Comprida, vimos o sol nascer no mar, demos longas caminhadas pela praia, conversamos muito em volta da fogueira e comtemplamos o céu estrelado, foram dias de muita curtição em contato com a natureza.

Este era o astral dos barzinhos na beira da praia, muita caipirinha e petiscos do mar.


Depois de um ano dificil trancados sem poder circular esta viagem teve um significado maior para mim.
Ahh e quanto a segurança, meu receio inicial se evaporou, tem muitos lugares seguros e tranquilos que você pode para sem sentir qualquer insegurança.Mas como vocês já sabem viajar é estar aberto a perrengues e conosco não foi diferente, mas para quem cai na estrada sabe que é só ter espirito que no final as coisas se resolvem.
Nosso batismo de fogo foi aprovado, pretendo repetir muitas vezes, mundo me espera que eu chego!
Altamente recomendado.