O Centro de São Paulo pode assustar à primeira vista. Muita gente, muita informação e muito barulho, uma muvuca. É tanto apelo que acaba ofuscando a beleza não tão explicita da região, mas não desista que vai valer a pena.
Todos as regiões da cidade são acessíveis de metrô e a melhor maneira de se locomover no centro é a pé, aproveitando que as distâncias são curtas e existem várias ruas só para pedestres. Quanto a segurança, nada muito diferente de outros centros urbanos latinos , não dando chance para o azar. Não vimos nada em nosso passeio e a guia, que nos acompanhava, também foi bem tranquila. Mas passeios somente até as 19h.
Comecei a gostar do centro das grandes cidades brasileiras quando visitei com intenção turística. Tem que ter calma e separar o joio do trigo. Acredito que somente com a nossa valorização , as coisas possam mudar para melhor.
Há muitos distritos que fazem parte da zona central de São Paulo, nesta visita vou me limitar àqueles que cabem em um passeio de um dia: Sé, República, Municipal e Viaduto do Chá.
Mapa do Roteiro Centro São Paulo
Considerada a capital mundial do grafite, o centro possui diversos pontos onde todos os tipos de arte de rua podem ser apreciados. É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi/ Da dura poesia concreta de tuas esquinas/ Da deselegância discreta de tuas meninas…”. Só andando por ali pra saber mesmo.
E a arte não para de se espalhar por fachadas antes feias e tristes.
A aridez do Centro começou a virar mar. Um grande trabalho retrata a a explosão de cores das criaturas marinhas. O que antes era crime, agora faz parte do roteiro turístico da cidade com artistas renomados internacionalmente como os irmãos Kobra, os Gêmeos, Binho, Speto, Chivitz, Minhau, Titi Freak, Whip, entre outros.
Seis artistas estão fazendo cinco murais gigantes em homenagem à artista modernista Tarsila do Amaral. O projeto “Tarsila Inspira” começou após o sucesso da exposição no MASP em 2019.
Os murais devem ficar prontos no verão de 2020. Veja os endereços:
- Rua 15 de Novembro, 41
- Rua Direita, 32
- Rua da Quitanda esquina com a Praça do Patriarca, 139
- Rua 15 de Novembro com rua Direita
- Rua José Bonifácio, 93
Operários de Brumadinho, do paulistano Mundano, é um manifesto-homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, que resultou na maior tragédia socioambiental do Brasil. Feita com a própria lama de Brumadinho é uma obra contundente
Vamos então partir para o roteiro por onde tudo começou.
Pateo do Collegio
Em meio a grandes prédios antigos e modernos, uma construção bem simples chama atenção : trata-se do complexo cultural Pateo do Collegio- local onde os jesuítas se instalaram para dar início ao que se tornaria a maior cidade brasileira. Este é o local de nascimento de São Paulo, escolhido pelos padres para montar seu posto de catequização dos indígenas. O local transpira história, é uma construção colonial de janelas azuis e paredes brancas , embora não seja original, é a reprodução fiel das primeiras casas erguidas no local. O café tem um ambiente rural e serve delícias de todo o país.
Logo ao lado fica o Solar da Marquesa de Santos e o Beco do Pinto. O Beco do Pinto, também conhecido como Beco do Colégio, era uma via de comunicação estratégica que ligava a parte alta da cidade a parte baixa, onde se concentravam o comércio, o Beco também era um caminho por onde os escravos passavam para buscar água e despejar o lixo doméstico
Edifício Banco de São Paulo
Construído entre os anos de 1935 e 1938, o conjunto foi projetado pelo arquiteto Álvaro de Arruda Botelho e abrigou o antigo Banco de São Paulo.
É um dos maiores exemplares da arquitetura art decô da cidade, principalmente por características como seu desenho geométrico, uso do ferro e mármore e o piso de mosaico.
O interior tem detalhes impagáveis , desde o piso ao teto todo em art decô extremamente bem preservado. Reparem nos números do elevador. Ficamos com muita vontade de fazer uma visita com mais vagar ao interior , muitos elementos para se deliciar.
CCBB
É um espaço incrível que reúne exposições, filmes, música e teatro. Só o prédio já vale uma visita, nem que seja para uma olhadinha rápida no saguão, com seu pé direito alto e decoração rebuscada. O casarão foi construído em 1901, reformado em 1923 para se transformar na imponente sede paulista do Banco do Brasil e funcionou como tal até a década de 1990. Em 2001, novamente reformado, reabriu como CCBB. Tem um café no térreo que é muito charmoso.
Farol Santander
O Farol Santander está localizado no coração do centro e conta com um grande acervo fixo e com algumas exposições temporárias muito interessantes. Toda a parte de mostras esta concentrada no últimos andares do prédio , mas não se esqueça de reservar as visitas que tem um super apelo e estão seguidamente com horários esgotados.
Batizado oficialmente de Altino Arantes, foi durante várias gerações o edifício-símbolo de São Paulo, com a bandeira do Estado tremulando no alto da antena. Popularmente conhecido como Banespão, por ser a sede do Banco do Estado de São Paulo, foi vendido para o espanhol Santander na privatização, em 2000.
O prédio é um dos mais fotogênicos do Centro, com seu formato de torre, e, se guarda alguma semelhança com o Empire State Building, de Nova York, não é por acaso. O governador Ademar de Barros encomendou um prédio que fosse a cópia do original americano e estivesse a altura da riqueza de São Paulo, então um grande exportador de café.
Inaugurado em 1948, foi o prédio mais alto do Brasil até 1960. Hoje, na versão século 21, tem exposição mostrando a história do banco e da economia paulista, uma pista de skate, além de um café no mirante.O bar no subsolo, o Bar do Cofre, fica na sala onde estava o antigo cofre do Banespa.
Edifício Martinelli
Um dos cartões postais mais famosos do centro de São Paulo, o Edifício Martinelli é também um dos melhores lugares para se observar a cidade do alto. Apesar de vista como um símbolo do progresso econômico da mais nova metrópole, foi criticada por seu porte em contraste com os prédios baixos do entorno. Havia ainda uma desconfiança em relação à segurança de um edifício tão alto, e muitos diziam que ele podia cair. Para se contrapor a isso, o Comendador Martinelli construiu um palacete na cobertura do edifício para morar com a família.
No início dos anos 1970 o edifício havia virado um cortiço e era dominado pelo crime organizado.O edifício foi desapropriado e completamente remodelado entre 1975 e 1979 para abrigar órgãos municipais e lojas no piso térreo. O terraço do 26º andar é aberto ao público e você pode visitá-lo gratuitamente. Para isso, basta fazer o agendamento.
Mosteiro de São Bento
Outro local ligado à fundação da cidade, já que ali ficava a taba do cacique Tibiriçá. Em 1600 o prédio foi doado pela Câmara aos monges beneditinos . A construção atual, realizada entre 1910 e 1912, é a quarta, acompanhando o rápido desenvolvimento de São Paulo naquela época. O destaque da igreja de São Bento, além da arquitetura e da rica decoração, é a missa com órgão e canto gregoriano. As missas são realizadas de segunda a sexta, às 7h, e sábados às 6h. Mas a mais concorrida é a de domingo, às 10h, com canto e órgão. Em outros horários o Mosteiro pode estar fechado , foi o que aconteceu conosco , não conseguimos ver por dentro.
Um lugar de tranquilidade próximo da agitação do centro de São Paulo. Outra atração do mosteiro é a lojinha de pães, bolos, doces e geleias produzidas pelos próprios monges.
A construção é uma das poucas remanescentes do estilo Beuronense, movimento artístico alemão que quase foi erradicado com a Segunda Guerra Mundial.
Para um café nas imediações experimentem o Café Girondino.Com estilo vintage, das suas mesas é possível avistar o Mosteiro São Bento. O estabelecimento foi inspirado em outro, com o mesmo nome, do século XIX, que ficava na Rua 15 de novembro, com a Praça da Sé.
Praça da República
A Praça da República faz um elo entre o centro velho e o centro novo, foi escolhida em 1894 como o endereço da Escola Normal Caetano de Campo, o belo edifício que é atualmente é a sede da Secretaria Estadual da Educação.
Palco de manifestações importantes da história nacional, como as “Diretas Já”.Uma das praças mais bonitas da cidade, super arborizada e muito aprazível.
Mas o que torna essa parte do centro ainda mais conhecida é sua Feira de Arte e Artesanato. Maior e mais antiga, a “superlativa” feira da República abriga mais de 600 barracas e comercializa principalmente artesanato vindo dos estados do Norte e Nordeste, além de países vizinhos.
No Rooftop do Edifício Esther , numa das laterais da praça, está o restaurante do chef Olivier Anquier, com uma vista deslumbrante. No térreo a padaria Mundo Pão do mesmo chef, apetitosa.
Querendo investir num almoço diferenciado, o premiadíssimo A Casa do Porco também está a menos de quinhentos metros da Praça da República e diariamente recebe centenas de comilões. O menu degustação, que inclui nove pratos costuma ser a melhor pedida numa primeira visita ao restaurante. Vá com tempo, tanto para comer como para enfrentar a fila. Nós sucumbimos as duas horas de fila e seguimos outro rumo.
Edifício Itália
Mais um local para ver São Paulo do alto, o Edifício Itália também abriga o tradicional restaurante Terraço Itália.
A visita ao mirante de um dos prédios mais icônicos do centro de São Paulo acontece diariamente, das 15hs às 19hs.
Copan
Um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo, o Copan completou 50 anos em 2016 e continua norteando o caminho de paulistanos e turistas no centro da capital.
Projetado por Oscar Niemayer na década de 50, o Edifício Copan segue sendo até hoje uma das maiores obras em concreto armado do nosso país. O gigante de concreto com 1.160 apartamentos passou por uma fase difícil na década de 1990, e os blocos de quitinete ficaram com fama nada boa. Mas isso é parte do passado. Nos últimos anos, o Copan entrou na moda e seus apartamentos são bastante disputados.
Além de observar suas curvas da arquitetura moderna, é possível fazer uma visita ao seu terraço. O único inconveniente é o tempo mega limitado: de segunda a sexta-feira, às 10h20min e 15h20min. Apenas 10 minutos de visita em cada horário.
Um restaurante incrível no térreo do edifício Copan é o Bar Dona Onça.
Um reduto da boemia e da tradição paulistana. Há 10 anos prosa, poesia, bar e restaurante se encontram no comando da chef Janaína Rueda . Dizem que é um dos ícones do renascimento do amor pelo centro.
Theatro Municipal
Construído para satisfazer os aristocratas do café do inicio do século XX, o Theatro Municipal é outro must see de São Paulo.
Datando do início do século 20, quando a elite de São Paulo enriquecia com o café e sentia falta de um teatro que pudesse receber artistas internacionais (que já passavam por Buenos Aires em suas turnês), o Theatro Municipal de São Paulo é um edifício belíssimo. Todo construído com ferros e vidros importados e madeira entalhada, em estilo eclético, foi o responsável por estender para o outro lado do Vale do Anhangabaú um núcleo urbano que até o século XIX se concentrava apenas na região entre a Sé e o Mosteiro de São Bento. Curiosidade que ali foi registrado, na inauguração, o primeiro congestionamento de São Paulo ,e pensar que eles ficaram orgulhoso disso na época, porque significava progresso.
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No térreo do Teatro encontra-se o restaurante Santinho , que aproveita as belas instalações e cria um oásis de calmaria para um almoço apetitoso.
Viaduto do Chá
Primeiro viaduto construído em São Paulo, o Viaduto do Chá só foi concluído após inúmeras negociações e desapropriações. Foi inaugurado em 1892, e naquela época, as pessoas que utilizavam o viaduto tinham que pagar uma espécie de pedágio. Detalhe que o nome vinha de plantações de chá no vale, imaginem a beleza.
Hoje você pode caminhar livremente por ele e observar uma bela vista da cidade. Apesar de que agora a região estar sofrendo uma séria reestruturação , o projeto é para ficar assim. Esperar para ver!
A Fonte dos Desejos, localizada na Praça Ramos foi reativada em junho de 2017. A estrutura passou por reformas ao longo do tempo e apresenta uma nova iluminação e sistema hidráulico. A fonte faz parte de um conjunto de obras do arquiteto italiano Luigi Brizzolara e teve como inspiração a famosa Fontana di Trevi, em Roma.
Convento e Santuário de São Francisco
O Convento foi uma instituição religiosa instalada na época colonial. No século XIX o convento foi convertido em Faculdade de Direito que ali funciona até os dias de hoje.
O Convento e Santuário, que completou 370 anos, mantém o chamado “pão dos pobres” e distribui, diariamente, refeições para cerca de 800 pessoas em situação de rua. “O que é arrecadado com a venda é revertido para a fabricação dos pães que são distribuídos para os pobres”.
Praça da Sé
O marco zero da cidade – o local a partir do qual as distâncias são calculadas, inclusive a numeração das ruas e a quilometragem das rodovias – fica no meio de uma bela praça, ladeada de prédios históricos, palmeiras imperiais e com a Catedral da Sé em seu ponto mais alto.Ela foi construída entre 1912 e 1954, e apesar do estilo neogótico tem vários elementos decorativos tropicais, como plantas e animais que remetem à fauna brasileira.
Esta é a região com mais moradores de rua, portanto atenção com bolsas e celulares.
Acho interessante fazer esta visita guiada, nós contratamos uma guia privada mas o passeio pode ser feito em tours regulares também.
https://www.saopaulofreewalkingtour.com
Bom proveito!