Se você gosta de fazer trilhas, de montanha, com certeza já ouviu falar do Tour Mont Blanc, ou talvez não, talvez só eu fosse fixada neste sonho de percorrer as montanhas da Suíça, França e Itália caminhando, vendo os cenários deslumbrantes da montanhas com picos nevados, e os campos alpinos explodindo em mil flores coloridas.
O tour Mont Blanc clássico você faz em 7 dias, mas tem muitas variações, você pode escolher quantos dias e quanto por dia quer caminhar.
Fiz extensa pesquisa na Internet antes de me decidir por alguma operadora, e acabei
escolhendo a que julguei ter bastante experiência a Altitude Mont Blanc – www.altitude-montblanc.com
Eles tem muitas alternativas para você escolher, como que tipo de trilha quer fazer, os
caminhos são sempre os mesmos, mas você pode escolher fazer nos 2 sentidos, horário ( o mais comum) e o anti horário, você pode fazer com um guia e se juntar em algum grupo, pode escolher o tipo de acomodação, com hoteis de 3 ou mais estrelas ou escolher dormir nos refúgios nas montanhas, que são como dormitórios coletivos, ou você pode simplesmente fazer por sua conta sem contratar ninguém, mas esta opção demanda muito estudo do terreno e muita pesquisa.
Nós éramos 4 pessoas, e eu escolhi fazer o tour clássico, de 7 dias, parando em refúgios, onde tinhamos quartos privados e dividíamos os banheiros, café da manhã e Jantar incluidos, e todas as manhãs deixávamos nossas malas (máximo 10 kg) na portaria onde um motorista levava para o próximo refugio. Ahh e fizemos self guided, sem guia, queríamos ser donos do nosso próprio tempo.
Eles fornecem todas as informações através de um app muito fácil e prático. E (sem querer) fizemos no sentido anti horário, e viemos a descobrir que foi uma grande sacada, pois você vai no contrafluxo e todos os lugares estão mais disponíveis.
Dito tudo isso, que se você não pretende fazer, pode pular essa parte : )
Eu sou adepta de viagens com propósito, de preferência que alie uma atividade física, já há alguns anos fazemos viagens de bicicleta com a família ou amigos, em um esquema muito parecido, e é muito bom.
Com o Tour Mont Blanc não foi diferente, começamos a trilha pertinho na França, pertinho de Chamonix, a temporada começa em junho.
E lá estávamos nós no dia 17 de junho, de cara pegamos uma subida forte de umas 3 horas, a gente vai subindo em um bom ritmo ( cada um tem o seu) fazendo paradas é óbvio até para poder admirar o cenário nada menos que espetacular dos Alpes em plena primavera.
O Tour acompanha muito as pistas de esqui, e tem vários bares e restaurantes que servem as pistas durante o inverno que abrem no verão para atender esta demanda crescente de pessoas trilhando, muitas pessoas fazem com uma enorme mochila nas costas, levando tudo, barraca, saco de dormir, não consigo nem imaginar o esforço, pois fazer aquelas subidas e descidas com apenas uma mochila leve já foi um desafio duríssimo, imagino com todo este peso extra.
Muitas veze fazíamos bons sanduíches no café da manhã para levar na trilha, por várias razões, uma é que nunca se sabe quando a fome pode bater, e às vezes você pode estar distante de algum restaurante ou refúgio, e outra não menos importante, são os preços muito caros de qualquer coisa na montanha, especialmente na Suíça, então deixávamos para gastar com vinho ou cerveja e comíamos nosso sanduba, mas também compramos comida várias vezes.
Não vou dar conta de descrever cada dia aqui para vocês, mas minhas memórias destes 7 dias na montanha, são daquelas para levar para a vida, foi muito desafiante, em alguns momentos a exaustão bate e você acha que nunca mais vai chegar, as horas e minutos caminhando, subindo e descendo se multiplicam, mas quando chegávamos nos refúgios, encontrando todas as pessoas na mesma vibe, naqueles lugares com visuais inacreditáveis, todo o cansaço ficava para trás.
Nos jantares e na trilha a gente cruza com pessoas de todos os lugares do mundo e rola muita camaradagem, muitas trocas, jantares que para nós mortos de fome, pareciam banquetes.
Nesta época os dias são muito longos e normalmente é dia até quase 10 horas da noite, então mesmo chegando em torno das 5, 6 horas da tarde, ainda sobrava bastante tempo para sentar nos gramados, se alongar, fazer um aperitivo, olhar as fotos do dia ( que eram muitas, pois eu não me cansava de registrar aquela paisagem espetacular).
A distancia percorrida por dia é relativamente pequena, em media uns 20 km, o que pega mesmo são as longas e ingremes subidas, e mesmo as descidas (foi onde senti um pouco meu joelho) algumas partes nos cumes ainda pegamos várias travessias com neve, e especialmente no Col du Bonhomme, senti mesmo medo, pois não tínhamos grampos nas botas e nem quero pensar se algum de nós tivesse escorregado nesta trilha.
Relendo meu texto me pareceu um pouco dramático, kkkkk, mas acho que tinha mesmo que ser honesta com vocês, precisa estar bem preparado.
No último dia ao terminar o percurso, chorei, lavei a alma, de alegria, de felicidade, tantas imagens lindas se acumulavam na minha cabeça, essa trilha foi quase uma experiência espiritual, uma comunhão total com a natureza.
Dias passados com Victoria ( minha filha que mora na França) Thomas, meu genro e Paulinho, meu marido ( que fez uma parte da trilha com nosso motorista das malas – o Charly) desfrutamos de momentos tão especias juntos, foi muito mais do que apenas uma viagem, e talvez quem ama fazer trilhas sabe do que estou falando.