Partindo esta semana em uma viagem de prospecção na parte oeste da Antiga Rota da Seda. É um projeto que começou em 2019 em Xian na ponta leste deste colosso de ligações comerciais e agora faz suas ligações na Ásia Central .
Esta viagem faz parte de um projeto grandioso que busca completar (na medida do possível ) a linha da antiga Rota que ligava Xian a Istambul. Nesta parte vamos começar com um roteiro completo pelo Uzbequistão e depois vamos prospectar os países do Cáucaso para um futuro grupo do Viajando com Arte.
Se vocês quiserem ver mais detalhes da viagem, sigam lá no @viajandocomarte. A Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão são países localizados no Cáucaso, fazendo fronteira com a Rússia ao norte, mar Cáspio ao leste e Turquia e Mar Negro ao sudoeste. A capital da Geórgia é Tbilisi, da Armênia é Yerevan e do Azerbaijão, Baku. O Caucaso é a área geográfica que divide a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, e que toma emprestado seu nome à cordilheira que ocupa boa parte da região.
Por lá a arte têxtil é uma riqueza cultural milenar, não vejo a hora de me perder em meio a seda , aos tapetes e Bordados.
Em Yerevan os mercado milenares são um convite .
Geórgia e Armênia são considerados integrantes do continente europeu, enquanto que o Azerbaijão é tradicionalmente classificado como um país asiático.
Em Baku o Museu do tapete é um must go em seu formato especial lembrando o artefato.
Com isto já estou puxando os fios que vão desenhar minha próxima exposição de fotografias bordadas cujo tema não poderia ser outro: Rota da Seda
Estou borbulhando de ideias por aqui, e até já ensaiei os primeiros pontos em fotos que tirei em outras passagens pela Ásia Central
Nós sempre dizemos que o Viajando com Arte não se resume a roteiros e destinos, as viagens ficam reverberando dentro da das pessoas, gerando conexões e ideias e criatividade. Pois aqui a prova cabal desta certeza, que acabou acontecendo comigo e com outra de nossas viajantes, nestes períodos sui generis em que vivemos.
Em 2020 fiz minha segunda viagem a Amazônia , em um roteiro acompanhando um grupo do Viajando com Arte. Foi das imagens captadas em um cruzeiro pelo Rio Negro que veio a inspiração para uma mostra de fotografias bordadas. São retratos de ribeirinhos e de indígenas que vivem próximos a Manaus, imagens da natureza, raízes , troncos e águas. Tudo tem sua magia e pode se transformar com o toque das agulhas e a simbologia de nossa cultura.
Tem uma história muito interessante que aconteceu nesta viagem, vou deixar o relato da jornalista Rosane Tremea sobre este momento:
“Árvores, água, animais e pessoas transportados em preto e branco para o tecido ganham flores, folhas e formas geométricas coloridas. E transformam-se em histórias como a da indígena Yara Dessana, que Mylene havia fotografado três anos atrás. Em novembro, sem saber o nome da adolescente nem a tribo a que pertencia, Mylene levou a imagem já bordada para tentar localizá-la. Com ajuda de um guia local, percorreu em um barquinho três das tribos das margens do Rio Negro até encontrar Yara. Com a menina e seu pai, combinaram de fazer um sorteio da obra entre o grupo de turistas do Viajando com Arte. A ideia era reverter o valor para a tribo, em dificuldades com a crise da covid-19. Dito e feito.”
A entrega do valor foi revestida de simbolismo , uma retribuição aos locais pela riqueza cultural, formadora de nossa identidade mais genuína.
Com a Célia Fabris a magia vem de mais longe. Em 2013 em um roteiro na Turquia, o Viajando com Arte foi o estopim de uma guinada profissional, ela que era designer de joias voltou impactada com os tecidos , padronagens e formas e passou a desenhar e produzir bolsas com couros ecológicos brasileiros , nasceu assim a Fabrés Desing.
No roteiro da Amazônia o impacto foi mais forte , como os modelos criados são inspirados na cultura, no povo e na arte brasileira, conhecer este pedaço tão emblemático do nosso país colaborou para a criação de uma nova coleção em couros exóticos e sustentáveis como o pirarucu , a python e o jacaré.
Mas foi a versão em tecnologia 3D a grande inovação, com a Bolsa Palma .
Depois de conhecer a Amazônia esta sensação de pertencer a um Brasil original cria outra dimensão.
Sentir orgulho de sua comunidade é um impulso natural. Por isto merece nossa atenção e respeito. Uma das tarefas do artista é exaltar o saber coletivo, a cultura e as diferenças. O orgulho está intimamente ligado à identidade, com um pé na tradição mas também respeitando a realidade contemporânea.
São pequenos e significativos exemplos de como o mundo das viagens está sempre renovando nosso olhar e que a frase:
“Travel is the only thing you buy that makes you richer” – (Viagem é a única coisa que você compra e faz você mais rico) pode ser batida, mas é uma grande verdade!