Faz um ano eu vi uma foto das formações dos Mallos e Riglos quando estava pesquisando sobre trens na Europa e desde lá fiquei com esta ideia fixa , queria ir para a região dos Pirineus espanhóis. Eu já conhecia a região dos Pirineus francêses mas a perspectiva de cruzar a fronteira e descobrir o que estaria por trás daquelas montanhas lindas me capturou a imaginação.
Foi uma viagem bem diferente , saímos de Barcelona e fomos em direção a Huelva. No caminho ainda veio de lambuja uma passada no Mosteiro de Montserrat. Um lugar lindo , mas como era domingo e estava lotado perdeu um pouco do encanto . Mas acho que vale muito a pena , para quem é mais religioso ou só pela paisagem também.
Bom , seguimos para nosso destino por umas três horas por estradas ótimas. As cidades dos Pirineus espanhóis são bem mais rústicas e simples que suas vizinhas francesas. Muitas casas de pedras em vilarejos quase abandonados. Igrejas do século XII e XIII abundam , mas sem indicações mais precisas e muitas fechadas.
Chegando a Murillo Gallego , onde estava nossa pousada veio o impacto. Nenhuma foto retratava o que são estas formações rochosas ao vivo. As mão de Deus poderiam ser seu apelido, algo forte e desconcertante.
Nosso hotel , encarapitado num monte bem à frente nos deixava com a melhor parte, ver suas mudanças de cor conforme o sol caía no horizonte.
Murillo Gallego é uma cidade medieval com não mais que 100 moradores, mas fora a dona do hotel e seu ajudante/ namorado francês que sumiu depois da primeira noite , não encontramos mais ninguém .
Mas tudo é encantador , até o campo abandonado onde crescem as papoulas selvagens
A região é toda voltada para turismo de aventura , nas corredeiras é possível fazer rafting, as paredes dos Mallos são o cenário perfeito para o rapel e escaladas, nós ficamos com a trilha que dá a volta no monte.
Partindo da pequena vila ao pé dos morros , subimos todo o caminho pedregoso até o topo e de lá voltamos pelo outro lado. Logo na saída nos deparamos com esta família com duas crianças pequenas, nos motivou a pensar que o caminho seria mais fácil do que o encontramos , ledo engano. As crianças é que tem cruza com cabrito montês e subiram sem nem reclamar!
Foram umas 3h de caminhada , no inicio uma trilha tranquila e depois com subidas muito íngremes, confesso que duvidei da minha própria capacidade de vencê-las quando olhei para cima a primeira vez, mas como devagar se vai ao longe …
O visual é fantástico e cruzar com o pessoal escalando as paredes é emocionante. Eles desafiam seus limites ao máximo.
Lá pelas tantas encontramos esta placa que dizia, 1:30h para seguir caminho ou voltar pela mesma trilha . Quase demos a volta , mas daí já era uma questão de honra!
Seguindo em direção a França passando pela estação de esqui de Formigal chegamos as paisagens dos montes mais altos da região dos Pirineus, ainda com picos nevados. Aqui a ideia era fazer uma trilha , mas nossos casacos não contavam com o frio de 8 graus e só curtimos a paisagem de dentro do carro mesmo. Tudo já iluminado por um sol fraco de primavera.