Souk, ou como em francês souq, é um termo que designa um mercado tradicional no países árabes e no mundo muçulmano de forma mais geral, mas também é usado para designar zonas comerciais dos centros históricos , ou medina, de uma cidade dessas regiões. O termo equivalente em turco e persa ao bazar.
Os souks no mundo muçulmano não são apenas área de intercambio comercial, aparentemente caótica e desorganizada, são espaços privilegiados de trocas de informações , de construção de identidades e socialização. São a antítese do supermercado com sua lógica impessoal , asséptica e preço fixo , no souk ou bazar a história é mais importante do que o produto o preço nunca é fixo e a barganha esta sempre intrínseca.
Os souks urbanos eram, e ainda são, e grande medida, organizados por mercadorias. Originalmente começaram por se desenvolver dentro no interior das muralhas das cidades, chamadas medinas, com as as profissões mais nobres no centro (por exemplo perfumistas e ourives), seguindo-se a área de produtos com impacto médio, como comida seca, têxteis e calçados e, na parte mais distante do centro, os ofícios e mercadorias mais “contaminantes”, como os trabalhadores de metal em chapa, tintureiros, açougueiros, peixeiros, etc. Em cada gênero comercial, trabalhava junto dos concorrentes, a fim de facilitar a orientação dos clientes com pontos de referência, criando a setorização dos souks.
Atualmente, pode encontrar-se os mesmos produtos em vários souks. Isto, deve-se principalmente ao crescimento do turismo. E não se admire se o comerciante for à loja do lado buscar o que você pretende, por exemplo. É muito comum esta prática.
Mas vamos a alguns dos souks e bazares mais legais que conhecemos.
Marrocos
As cidades marroquinas tem em suas medinas souks super autênticos.
Fez é tradicional e caótica! Sua Medina é a maior área urbana sem acesso a veículos motorizados no mundo.
Aqui está um recorte da vida como ela era há 500 anos. Uma sociedade comunitária onde 5 elementos compunham o dia a dia: mesquita, souk ou mercado, Hamman ou banho público, fornos comunitários e a madrassa ou escola religiosa.
O Souk é também um grande atelier artesanal, curtumes , cerâmicas , tecelões e muitos outros trabalham em pequenas portinhas nas ruelas estreitas.
Tudo feito com a mesma técnica ancestral.
Os burricos reinam por suas ruelas cheias de escada e desníveis, e o que mais se ouve por aqui é algo como “atenção” ou “balak, balak” . Tudo parece saído de uma outra dimensão, cada espaço da medina é repleto de pessoas vivendo um quotidiano normal em ruelas super apertadas. A vida segue normal no que para nós parece recortes de um passado longínquo. Uma vida em espaços externos exíguos e de uma simplicidade quase beirando a pobreza, mas quando um interior se apresenta vem a surpresa, jardins internos e casas super bem decoradas são a herança mais forte dos árabes.
Nas cidades menores , principalmente em Chefchaoen e em Ouarzazate , as ruas são invadidas por moradores que fazem de suas casas o comercio e os tapetes do deserto são imbatíveis.
Marrakech é também conhecida como a cidade vermelha. A mais misteriosa das cidades imperiais, é cercada por uma muralha de terracota que lhe dá esta aparência avermelhada. Mais cosmopolita e voltada para o design, atraiu artistas que vieram em busca de inspiração (e drogas) desde os anos 70. Seu souk é menos genuíno mas não perde em atrativos e opções em profusão, um labirinto onde é uma delícia se perder e experimentar as mais diversas sensações, uma autêntica explosão de sons, cores e cheiros, que nos fazem querer voltar, sempre.
Egito
Khan El Khalili, é o mercado mais famoso do Egito e quiçá, de todo Oriente Médio. Sua origem data do ano 1382, quando o sultão mameluco Djaharks el-Jalili decidiu construir um lugar de descanso para os comerciantes da região.
O mercado se encontra no coração do Cairo islâmico, em uma zona amuralhada com um ar medieval e em que se respira a magnificência da arquitetura mameluca. Lâmpadas coloridas, tecidos, artesanatos, joias, especiarias, perfumes, instrumentos musicais e, como não, souvenirs e presentes egípcios.., tudo meio fake mas que no cenário funciona muito bem. Nesse local são especialmente famosos os trabalhos feitos em cobre.
Se há algo mais interessantes que suas lojas, são seus antigos cafés, lugares frequentados por moradores e turistas para tomar um chá e fumar narguilé. O mais famoso é o El Fishawi, conhecido também como o Café dos Espelhos. Aberto em 1769 e funcionando até hoje – aberto 24 horas por dia – resulta um autêntico espetáculo sentar para desfrutar e observar a vida passar.
No interior do Egito as tendas são mais simples e eles vendem produtos locais
Istambul
O Grande Bazar é um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo, com mais de 60 ruas e cerca de 5 mil lojas. O complexo abriga não só lojas de comércio, mas também duas mesquitas, fontes de água, delegacia, cafés e restaurantes, entre outros tipos de estabelecimentos. Alguns tipos de produtos possuem seções específicas, como um corredor especializado em roupas de couro, outro só com tapetes e uma área apenas com lojas que vendem jóias de ouro. Mas não tenha vergonha de pedir de pechinchar, faz parte da tradição e os turcos fazem isto há milhares , nunca vão vender se estiverem perdendo dinheiro.
Oferecer chá e trancar a porta da loja quando a negociação esquenta também faz parte da tradição , não se assuste , não é um sequestro. As lojas de tapetes são especialmente interessantes.
Outro mercado muito famoso em Istambul é o Bazar de Especiarias, também conhecido como Mercado Egípcio. Este bazar é muito pequeno se comparado ao Grande Bazar, já que ele possui apenas dois corredores e cerca de 100 lojas, mas é mais tranquilo e vende muitos produtos além de temperos, frutas secas e os maravilhosos doces turcos , chamados lokum.
Uzbequistão
O Uzbequistão foi importante centro da Rota da Seda, maior rede comercial do mundo antigo, caminho de caravanas e entreposto comercial nevrálgico na Asia Central. Em 1920 Stalin invadiu além dos países da Europa Oriental, toda a Ásia Central, formando a URSS com suas 15 repúblicas, sendo uma delas o Uzbequistão. No dia 31 de agosto de 1991, o Uzbequistão declarou a sua independência e a cultura tradicional foi sendo resgatada após um grande período de dormência.
Os mercados e o artesanato são impressionantes. Os famosos bordados Suzani, típicos da região, abundam em roupas , toalhas e panos. A cerâmica é rica e colorida e os tapetes de Bukhara famosos pelo mundo todo. Algodões e sedas estampados, o famoso IKAT também muito presentes aqui, você pode comprar os tecidos por metro.
A pequena e murada Khiva fez parte da Rota da Seda. Seu charme vem das construções em tom ocre, vindo do barro, e claro, os adornos azuis, um verdadeiro museu a céu aberto. foi o coração do império de Timur, além de ter sido uma das mais importantes cidades da Rota da Seda com bazares sempre lotados de negociantes e mercadorias. Samarkand tem magia no ar. Impressiona
Tecido típico do Uzbequistão Ikat
Os mercados são um excelente resumo da cultura de cada povo , agora está liberado!
Souks, mercados onde não é pecado cair em tentação.