Muitos barcos fazem esta viagem, mas em geral todos costumam ser espaçosos e guardar um charme meio nostálgico, quase como os bistrôs franceses em relação aos grandes trasatlânticos pasteurizados. A viagem mais usual vai de Luxor a Assuan, ou vice-versa, mas existem cruzeiros mais longos por regiões menos turísticas como Abydus e Dendera.
Assuan é um local de veraneio onde os europeus passam férias nos vários resorts espalhados pelas margens do Nilo. É um local aprazível e tranqüilo.
Desde de 1960 é conhecida por abrigar a Represa de Assuan, feita para gerar energia e alavancar a industrialização planejada pelo presidente Nasser. A represa criou o enorme Lago Nasser que inundou o deserto até a fronteira com o Sudão, deixando submersos diversos templos antigos. Os templos mais importantes, como Abu Simbel e Philae, foram relocados em áreas mais altas com ajuda internacional.
Abu Simbel localiza-se na fronteira com o Sudão e vale muito fazer o voo de meia hora (partindo de Assuan) para uma visita ao sítio. Dois templos do período de Ramsés II foram totalmente reconstruídos para escaparem das águas da Represa de Assuan. Um prodígio da engenharia moderna em respeito a história da humanidade.
O belo templo de Philae, dedicado a deusa Isis, é um dos melhores exemplos de construção Ptolomaica. Os Ptolomeus foram faraós de origem grega, vieram ao Egito após as conquistas de Alexandre , Magno e instauraram um sincretismo religioso entre os mitos gregos e as crenças egípcias.
Em Assuan localiza-se o Hotel Old Cataract, célebre pelo filme “Morte no Nilo” baseado no livro homonimo de Agatha Christie escrito ali mesmo.
Por aqui as falucas , barcos de passeio típicos da região , criam um clima que inspira descanso e reflexão.
Os passeios ao entardecer são super divertidos, o pessoal local faz uma percussão forte e ritmada . Embalada pelo honesto vinho egípcio já dá uma samba!
Seguindo o Nilo em direção norte a paisagem é deslumbrante, a margem verdejante de tamareiras contrasta com o deserto árido e montanhoso e é emoldurada por um céu constantemente azul.
Como o rio é estreito, durante todo o percurso vai se tendo um desfile de vilarejos e ruínas de templos que podem ser visitadas em rápidas paradas.
Visitas ao entardecer tendem a ser muito tranquilas e em algumas vezes praticamente privadas.
O Templo de Kom Ombo é uma delas, também do período Ptolomaico, é dedicado a Hórus o Velho e tem importantes referências aos conhecimentos médicos dos antigos egípcios.
A população local usa o Nilo como meio de transporte e subsistência. Cenas insólitas de embarcações improvisadas divertem quem se detém a apreciá-las.
Todos acenam para os barcos de turistas , mesmo já fazendo parte da paisagem.
Nesta viagem o mais importante não é o destino final e sim o percurso.
Deslizar na cadência da correnteza e desfrutar de uma paisagem milenar pensando ” O Egito é mesmo uma dádiva do Nilo” como bem destacou o historiador grego Heródoto.
Construção que poderia ter servido de manjedoura de Jesus, até com os burrinhos perfilados
Um mico que todo mundo tem que pagar é comprar um roupa típica egípcia e participar da festa à fantasia promovida pelos navios. Na primeira vez que estivemos no Egito , em nosso barco estavam praticamente só europeus, foi quase um velório! Já nas duas vezes que fomos com grupos de brasileiros , todos entraram no clima e se produziram muito, várias versões de Cleópatra surgiram e foi muito divertido. A tripulação do barco se encantou principalmente com os “cabelos” das brasileiras, objeto de desejo na cultura árabe, sempre coberto por lenços em público.
Curtir o entardecer navegando no Nilo, só seria mais perfeito se fosse com um chimarrão!
E não é que os gaúchos não esquecem da cuia e da bomba…
Brindemos ao Egito!