Viajando com Arte

Artesanato, espelho da riqueza cultural do México

Voltei do México meio Frida Kahlo. Eu , que sempre fui básica e equilibrada , só quero me vestir de amarelos e azuis berrantes, quero pintar a casa de cor de rosa e vermelho e decorar com todos os badulaque que eu trouxe , juntos!

Não é brincadeira não , a gente volta com a cabeça chacoalhada e com a certeza de que nunca soube combinar cores! Sempre ousou pouco! É uma mistura de sensações , materiais e texturas que mexe com todos os sentidos, aguça paladares e olfato.

Até a comida segue o arco íris espalhado pelo país! Não apetece muito , mas que é fotogênico , é!

A cartonería é uma técnica utilizada para a elaboração de piñatas e judas,  consiste em um modelado de papel. Várias festividades usam estes “bonecos” de papel como decoração. Os alebrijes são uma variação da cartonería, sempre animais imaginários de cores vibrantes. Sua origem se encontra na Cidade do México,  e seu criador, Pedro Linares López, conta que , muito doente,  sonhou que estava em um bosque onde viu estes seres que o acompanhavam em seu caminho de regresso à  conciência  gritando:  “Alebrijes”. Vimos uma exposição de alebrijes gigantes no Zócalo!

Curtimos muito o colorido , mas sentimos imensamente não estarmos no país na semana da Festa do Mortos, dia 2 de novembro. Pudemos admirar alguns elementos usados nas comemorações, principalmente seu personagem principal , Catrina. Este ano ainda dá tempo para aproveitar o dia de finados por lá!

La Catrina de los toletes,  é a representação humorística do esqueleto de uma dama da alta sociedade. É uma das figuras mais populares da Festa do dia dos mortos. A palavra catrina é a variante feminina da palabra catrín, que significa dândi em espanhol. O personagem se caracteriza como um esqueleto de mulher usando um chapéu, um distintivo da elite do início do século XX e tem uma função  lembrar que as diferenças sociais não significam nada, diante da morte.

As origens da Catrina remontam às festas dos mortos pré-colombianas. Seu nome vem de La Calavera de la Catrina gravura do mexicano José Guadalupe Posada (1852-1913), água-forte  que faz parte de uma série de “Calaveras”(caveiras).

O Dia dos Mortos é uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces preferidos dos mortos, para as crianças fazem caveirinhas de açúcar.

Bonequinhas de pano , tipo aquelas usadas nas cerimônias de vudu, abundam. As meninas vendem nas áreas turísticas , normalmente vestidas com trajes típicos. Mas nem tente fotografá-las sem pedir permissão, e prepare-se para sonoros nãos!

Outro elemento central no folclore mexicano são as árvores da vida. Segundo a Bíblia, a Árvore da Vida é uma das duas árvores especiais que Deus colocou no centro do jardim chamado Éden. A outra é a “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal“, de cujo fruto, Eva, e depois Adão, acabaram por comer por influência de uma serpente. A versão mexicana é colorida e muito abundante em dádivas, algumas são enormes e enlouquecem quem aprecia a cerâmica.

As flores de papel colorido são usadas em todas as decorações e aparecem em infinitas versões. Nesta época muitas roxas e laranjas, nas celebrações fúnebres.

Panos e mais panos, bordados, tramados ou pintados, a escolha é sua! O que importa é misturar tudo e ver o resultado final.

O mais legal é ver a origem destas estampas exóticas quando visitamos o Museu Antropológico do México no Parque Chapultepec na Cidade do México. O exemplo abaixo faz parte de um dos murais pré-colombianos do museu.

Para uma versão moderna das padronagens mexicanas folclóricas não perca a releitura feita pela designer Pineda Covalin, encontrada em shoppings ou aeroportos mexicanos! Lenços, vestidos e idéia originais sem perder a essência da alma mexicana, um luxo! Uma dica da Alessandra Nunes que adoramos.

Quanto ao sombrero? Não está em alta por lá! Encontramos poucos e sempre em lojas meio duvidosas. Algum mexicano vestindo não vimos nem de binóculo. Tivemos que fazer nossa própria versão.